Começam a surgir os primeiros dados sobre pessoas infectadas com a variante ômicron. Apesar de ainda serem preliminares, com número pequeno de casos, podem indicar uma tendência: há escape para quem está vacinado, mas os casos tendem a ser leves.
Os dados vêm da província de Gauteng, epicentro da ômicron na África do Sul, e do Reino Unido. A Agência de Segurança e Saúde britânica informou que, de um grupo de 22 casos, apenas seis não estavam vacinados e dois tinham status vacinal desconhecido. No Brasil, já se sabe que os três primeiros casos também eram pessoas com esquema vacinal completo. Nos EUA, há um caso positivo em pessoa vacinada com três doses.
De acordo com o geneticista Salmo Raskin, diretor do Laboratório Genetika, de Curitiba, já estava claro que a variante tem escape à infecção natural, ou seja, quem foi infectado previamente por outra variante da Covid não está protegido contra essa. Mas agora surgem informações sobre o status de vacinação dos pacientes.
“Sabendo da limitação dos dados, tanto os que vêm da África do Sul quanto os da Inglaterra apontam para o mesmo lugar: também existe um escape para quem está vacinado. Aparentemente, agora que já passaram três semanas desde a detecção da Ômicron, o número de casos graves é pequeno e não houve mortes confirmadas. Então, dados preliminares sugerem que as pessoas vacinadas não vão ter uma doença grave. As coisas que vão se montando”, afirma Raskin.
Segundo o geneticista, em cerca de uma semana o cenário deve ficar mais claro: “Devemos saber em uma semana porque vão sair os resultados de estudos laboratoriais: soros de convalescentes, anticorpos monoclonais com a Ômicron, vacinas contra a variante. As culturas virais demoram para ficar prontas e ser analisadas. Além disso, vamos ver a evolução dos casos, que geralmente se definem depois de entre 7 e 10 dias.”
Sintomas
Descoberta na África do Sul e classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma variante de preocupação (VOC), a ômicron já está presente no Brasil e em outros 28 países. Ainda faltam pesquisas para determinar sua transmissibilidade, letalidade e resistência às vacinas. Mas o que se sabe até agora é que os sintomas dela são diferentes dos da delta, a responsável pela maioria dos casos recentes de Covid-19 no mundo.
A médica Angelique Coetzee, que atendeu a vários pacientes com a nova variante antes de ela ser descoberta, percebeu uma mudança nos sintomas apresentados pelos doentes. Segundo ela, que também é presidente da Associação Médica da África do Sul, os sintomas da ômicron relatados pelos pacientes foram:
— cansaço;
— dores musculares;
— “coceira na garganta” ou “garganta arranhando”;
— febre baixa (em poucos casos);
— tosse seca (poucos casos).
De acordo com a médica, os sintomas são mais parecidos com a variante beta. O cansaço foi o principal motivo que levou as pessoas a procurarem pela a ajuda da médica. Os sintomas mais comuns da delta eram pulsação elevada, baixos níveis de oxigênio e perda de olfato e paladar.
Até agora, os pacientes infectados pela ômicron apresentaram apenas sintomas leves. No entanto, a nova variante preocupa a OMS e os países por causa das 50 mutações que a nova cepa apresenta, sendo 32 apenas na proteína S, principal alvo das vacinas desenvolvidas até o momento. Acredita-se também que ela pode ser mais transmissível que a delta, já que aumentou o número de casos de Covid-19 da África do Sul.
Por Redação O Sul