Neste domingo (04), na Basílica de São Pedro, no Vaticano, o Papa Francisco presidiu a Santa Missa de beatificação do Papa João Paulo I, cujo nome de batismo era Albino Luciani.
Conhecido como o ‘Papa do Sorriso’, João Paulo I foi o papa com um dos mais breves pontificados da história da Igreja: apenas 33 dias, de 26 de agosto a 28 de setembro de 1978, quando faleceu repentinamente.
A abertura da causa de beatificação do Papa Luciani se deu a partir de 2011, quando uma menina argentina de 11 anos, doente terminal, obteve a cura após a oração de um padre ao agora beato João Paulo I.
Na homilia, o Papa Francisco destacou a exigência do Evangelho a quem deseja verdadeiramente seguir a Cristo:
“Em primeiro lugar, vemos muitas pessoas, uma multidão numerosa que segue Jesus. Nos momentos de crise pessoal e social, em que estamos mais expostos a sentimentos de ira ou temos medo de qualquer coisa que ameaça o nosso futuro, ficamos mais vulneráveis e, assim, na onda da emoção, confiamo-nos a quem, com sagácia e astúcia, sabe cavalgar esta situação, aproveitando-se dos temores da sociedade e prometendo ser o ‘salvador’ que resolverá os problemas, quando, na realidade, o que deseja é aumentar a sua popularidade e o próprio poder”.
Porém, o Santo Padre adverte:
“O Evangelho diz-nos que Jesus não procede assim. O estilo de Deus é diferente, porque não instrumentaliza as nossas necessidades, nunca Se aproveita das nossas fraquezas para se engrandecer a Si mesmo.
A Ele, que não nos quer seduzir com o engano nem quer distribuir alegrias fáceis, não interessam as multidões oceânicas. Assim, em vez de Se deixar atrair pelo fascínio da popularidade, pede a cada um para discernir cuidadosamente os motivos por que O segue e as consequências que isso acarreta”.
O Pontífice ainda continuou:
“Com efeito, pode-se seguir o Senhor por várias razões, e algumas destas – admitamo-lo – são mundanas: por trás duma fachada religiosa perfeita pode-se esconder a mera satisfação das próprias necessidades, a busca do prestígio pessoal, o desejo de aceder a um cargo, de ter as coisas sob controle, o desejo de ocupar espaço e obter privilégios, a aspiração de receber reconhecimentos, e muito mais. Isso acontece hoje entre os cristãos. Mas não é o estilo de Jesus; nem pode ser o estilo do discípulo e da Igreja. Segui-Lo significa ‘tomar a própria cruz’ (Lc 14, 27): como Ele, carregar os pesos próprios e os alheios, fazer da vida um dom, não uma posse, gastá-la imitando o amor magnânimo e misericordioso que Ele tem por nós”.
Como João Paulo I, viver a alegria do Evangelho
Recordando o jeito amável e alegre de Albino Luciani, o Papa Francisco lembrou:
“Irmãos, irmãs, o novo Beato viveu assim: na alegria do Evangelho, sem cedências, amando até ao extremo. Encarnou a pobreza do discípulo, que não é apenas desapegar-se dos bens materiais, mas, sobretudo, vencer a tentação de me colocar a mim mesmo no centro e procurar a glória própria. Ao contrário, seguindo o exemplo de Jesus, foi pastor manso e humilde. Considerava-se a si mesmo como o pó sobre o qual Deus Se dignara escrever. Nesta linha, exclamava: ‘O Senhor tanto recomendou: sede humildes! Mesmo que tenhais feito grandes coisas, dizei: ‘somos servos inúteis’”.
Francisco concluiu a homilia esclarecendo que João Paulo I tinha o rosto que a Igreja deve ter:
“Com o sorriso, o Papa Luciani conseguiu transmitir a bondade do Senhor. É bela uma Igreja com um rosto alegre, sereno e sorridente, que nunca fecha as portas, que não exacerba os corações, que não se lamenta nem guarda ressentimentos, que não é bravia nem impaciente, não se apresenta com modos rudes, nem padece de saudades do passado, caindo no ‘retrocedismo’”.
Por fim, fez uma prece: “Rezemos a este nosso pai e irmão e peçamos-lhe que nos obtenha ‘o sorriso da alma’; aquele transparente, aquele que não engana: o sorriso da alma. Servindo-nos das suas palavras, peçamos o que ele próprio costumava pedir”:
‘Senhor, aceitai-me como sou, com os meus defeitos, com as minhas faltas, mas fazei que me torne como Vós desejais’.
Fonte: Portal A12