A decisão sobre a realização do Carnaval de 2022 ainda não tem data definida para ocorrer nos principais destinos carnavalescos do Rio Grande do Norte. Devido ao cenário de pandemia, as prefeituras de Caicó, Natal, Parnamirim e Tibau do Sul se preparam de maneira cautelosa para todas as possibilidades. Na capital potiguar, por exemplo, a definição só deve vir depois de reunião entre o prefeito Álvaro Dias e o Comitê Científico do município.
Em nível estadual, o assunto não foi abordado até o momento pelo Comitê Consultivo de Especialistas da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap). O órgão informou que não há prazo marcado para definição. Segundo Janeusa Trindade, membro do Comitê e professora do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da UFRN, vários aspectos devem ser levados em conta para além da imunização.
“Temos um grupo ainda não vacinado e a terceira dose que também precisa avançar. Estamos com menos de 10% da população de idosos e pessoas imunossuprimidas vacinadas com a dose de reforço, que são mais vulneráveis à infecção. É muito importante que isso seja levado em consideração porque vacinados e não vacinados podem se infectar. A vacina protege da forma grave da doença mas tem uma característica não esterilizante, ou seja, ela não evita a infecção. Dessa forma, o vírus fica circulando entre todos, o que gera preocupação especialmente nas grandes aglomerações”, explica.
Além disso, a professora aponta que o aumento de casos de covid-19 na Europa serve de exemplo para ligar um alerta sobre a flexibilizado de uso de máscaras e distanciamento social.
“A liberação precoce dessas medidas levaram a essa chamada quarta onda no continente europeu. Apesar de alguns países estarem com a taxa de imunização acima de 60%, estamos vendo um crescimento bastante preocupante. Precisamos ficar em alerta e avançar na nossa imunização, tendo muito cuidado com as medidas de restrição”.
O Comitê Cientifico já discutiu sobre eventos de grande porte como o Carnatal, e acompanha as condutas que serão adotadas pelos organizadores do evento quanto ao passaporte vacinal e demais medidas. “Quanto aos turistas, ficamos apreensivos pois não é cobrado passaporte vacinal, isso é um alerta que toda comunidade científica vem fazendo. A própria Anvisa já fez essa solicitação e orientação para o governo federal que está reticente em fazer essa cobrança nas fronteiras”, adiciona.
“Discutimos o tema no Comitê mas os estados não podem fazer essa cobrança se o governo federal não fizer uma sinalização para isso. Trata-se da proteção do país em relação às pessoas que estão vindo, especialmente de áreas com alta contaminação. Não é só fazer quarentena, já que o vírus pode não ser detectado naquele momento e posteriormente se manifestar”, finaliza.
Sobre a realização do Carnaval em 2022, o Ministério Público Federal e Estadual informam que se reúnem semanalmente com os gestores para acompanhamento da pandemia e a questão do carnaval também é abordada. No entanto, ainda aguardam a definição para avaliar possíveis medidas. A Defensoria Pública do Estado também pontua que não tem nada no radar sobre o assunto. Os órgãos de controle do Estado vem observando e emitindo recomendações desde o início da pandemia.
Nesta semana, cerca de 72 municípios interioranos do estado de São Paulo cancelaram o carnaval, mesmo com taxas de ocupação baixas. Como justificativa, os gestores pregaram cautela e temor sobre uma nova onda de contaminação. No Rio Grande do Norte, as decisões seguem em aberto, sem prazos para definição com exceção do município de Tibau que já optou pela não realização do Carnaval em 2022.
Natal
Na capital potiguar, a Secretaria de Cultura de Natal (Secult-Funcarte) informa que não há nada definido. De acordo com Dácio Galvão, titular da pasta, o prefeito Álvaro Dias tem externado que aguarda essa curva descendente da pandemia, e no momento, não definiu quando conversará com o Comitê Científico da Prefeitura para analisar a crise sanitária e tomar uma decisão.
“Na Secretaria, toda a equipe está fazendo seu dever de casa de forma articulada. Estamos trabalhando nos editais públicos, sejam artísticos ou de patrocínio, bem como a nossa inserção na Lei Rouanet para viabilizar o Carnaval de Natal. Todos os mecanismos jurídicos estão sendo vistos intensamente para caso haja uma positiva por parte da Prefeitura, estarmos alicerçados para fazer a convocação do segmento artístico da cidade para participar do evento”.
Caicó
No município seridoense, a secretária de Turismo Mara Costa esclarece que os gestores acompanham semanalmente os números relacionados à covid-19, e, no momento, não é possível confirmar o tradicional carnaval caicoense.
“Temos uma comissão onde analisamos nossa situação. Em Caicó, celebramos a diminuição de casos, internações e avanço na vacinação, mas não sabemos como será semana que vem. Dessa maneira, estamos planejando para que haja carnaval caso seja seguro. Estamos observando o surgimento de uma nova variante, não sabemos se vai haver uma quarta onda, por isso não podemos afirmar que o evento acontecerá”, diz.
A secretária informa que o município de Caicó trabalha em todas as vertentes possíveis e deve emitir uma posição final no início do mês de janeiro. “É tudo muito novo, nunca planejamos durante uma pandemia. Ficamos animados com o avanço da vacinação aqui, mas não adianta avançar apenas em Caicó, se vamos receber pessoas vindas de outros estados e até países. Precisamos pesar tudo na balança”.
Parnamirim
A Prefeitura de Parnamirim está analisando a situação, ouvindo as partes envolvidas, ouvindo também outras prefeituras da região e acompanhando as decisões que estão sendo tomadas pelo Brasil afora. A decisão a ser feira será fruto de pactuação coletiva e evidentemente considerando sempre a necessidade de proteger o bem-estar das pessoas que vivem e que estão em visita à cidade no período carnavalesco.
Tibau
A Prefeitura de Tibau não realizará carnaval. A decisão já foi comunicada pela prefeita Lidiane Marques (PSDB), “tendo em vista que a Organização Mundial de Saúde anunciou a existência de uma nova variante e a gestão se preocupa com a vida da população, sendo a vida o bem maior”.
A prefeita entende ainda que o momento requer cuidados e nesse sentido vai se reunir com promotores de eventos particulares para cobrar deles o cumprimento de ações que possam garantir a segurança e a saúde dos moradores de Tibau e dos turistas.
Tibau do Sul
A Prefeitura de Tibau do Sul até o momento, dia 26 de novembro, não tem decisão definitiva sobre a manutenção ou não das festividades de carnaval no município. “Todos os índices serão analisados com atenção para um posicionamento mais definitivo. A prioridade será sempre a preservação da saúde dos moradores e visitantes”, disse.
Tribuna do Norte